17 de jul. de 2008

SALVADOR CARUSO

(1905-1951) – A vocação artística do primeiro filho de Florêncio Caruso manifestou-se um pouco mais tarde do que geralmente acontece. Seus interesses, na juventude, eram outros: nadar, praticar esporte, andar a cavalo. Casou bem jovem ainda, com cerca de 18 anos, e de posse de um diploma de guarda-livros (o nome que se dava na época aos contadores) foi trabalhar em São Paulo num banco.

Certo dia, seu irmão José, que ensaiava seus primeiros passos na pintura, levou-o ao atelier de Bernardino de Souza Pereira, no bairro paulistano de Itaquera. Embevecido na contemplação dos quadros do “pintor das rosas”, como Bernardino era conhecido, Salvador saiu do atelier em estado de graça. As primeiras palavras que conseguiu falar surpreenderam o irmão:

- Eu também vou ser pintor.

A partir desse dia, para recuperar o tempo perdido, aproveitava todos os momentos livres para desenhar e pintar. O próprio Bernardino foi seu primeiro professor. Depois Salvador passou a ser orientado pelo pintor italiano Antônio Rocco.
 
Salvador guardava seus trabalhos artísticos na gaveta da sua mesa de trabalho no banco. Um dia o seu chefe, revistando as gavetas dos funcionários, encontrou os desenhos de Salvador. Incontinente o despediu. “Pintura é coisa de vagabundo, e eu não quero vagabundos trabalhando aqui”, teria dito o tal chefe. Resultado: o sistema financeiro brasileiro perdeu um bancário, mas as artes brasileiras ganharam um artista.

A partir de então, Salvador decidiu dedicar-se exclusivamente à sua arte e enfrentar todas as vicissitudes reservadas aos artistas no começo de carreira.

Não demorou muito para se projetar como um artista talentoso, dotado de rara sensibilidade e muita inspiração.

Participou do grupo Santa Helena, juntamente com outros pintores que também ficaram famosos. A maioria dos seus companheiros enveredou pelos caminhos do modernismo, alguns porque sentiram que seriam melhores sucedidos, outros porque não conseguiram realizar-se na pintura acadêmica. Salvador não se deixou seduzir pelo canto de sereia do modernismo, que já ia se tornando moda nas artes plásticas. E durante toda a sua vida, infelizmente curta, manteve-se fiel à pureza da arte, nos moldes que celebrizaram Leonardo, Michelangelo, Rubens, Rafael e, no Brasil, Pedro Américo, Vitor Meireles, Benedito Calixto, dentre tantos outros.

Em seus 45 anos de vida, Salvador Caruso pintou mais de 400 quadros, tratando de temas variados como figuras humanas, costumes, paisagens, interiores, naturezas-mortas. Em 1946, depois de permanecer um ano inteiro em Ouro Preto, fixando em inúmeros quadros os aspectos mais sugestivos da histórica cidade, expôs os seus trabalhos numa mostra que polarizou a cidade do Rio de Janeiro e se constituiu em enorme sucesso. O registro que fez da cidade mineira lhe valeu o título de “o pintor de Ouro Preto”. Um dos seus quadros, o “Chafariz de Marília”, foi adquirido por um grupo de oficiais da marinha argentina, em visita ao Rio de Janeiro, e oferecido pelos mesmos ao então presidente Perón.

Moço ainda, pouco antes de completar 45 anos, morreu vitimado por um câncer.

Salvador Caruso participou de inúmeros salões de belas-artes em São Paulo e Rio de Janeiro, acumulando dezenas de medalhas de ouro, prata e bronze. Seu último trabalho, o auto-retrato, recebeu o prêmio “Governador de São Paulo” e foi adquirido pelo Museu Nacional de Belas Artes, do Rio de Janeiro, sendo incorporado ao seu acervo.

2 comentários:

  1. sr. Rubens Caruso Jr. postei um comentário sobre a pessoa e quadros de Salvador Caruso pintados para meus pais em Campinas entre 1942 e 1948 mas não vi o comentário nesta página. Sinto muito pois foi um acontecimento muito bom em minha vida apesar de ter apenas entre 5 e 8 anos. Arlete Cantusio piassa2010@hotmail.com

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  2. obrigada pela pronta resposta. Arlete Cantusio

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